18/03/2020
A parvovirose canina é considerada uma das principais causas de diarreia de origem infecciosa em cães com idade inferior a seis meses. A doença é causada pelo parvovírus canino (canine parvovirus, CPV) que surgiu no final dos anos 1970 e disseminou-se rapidamente por todos os continentes. A incidência da infecção é elevada em todo o mundo. (FLORES, 2007). Cães de qualquer idade, gênero ou raça podem ser acometidos. Cães das raças Labrador, Pastor Alemão, Dobermann, Pinscher, Rottweiler, Pit Bull Terrier e Springer Spaniel são mais susceptíveis à infecção viral (MORAES, 2007). Clinicamente, os sinais de prostração, anorexia e vômito precedem o quadro de diarreia, geralmente em 12 a 24 horas. A enfermidade manifesta-se por febre, diarreia frequentemente hemorrágica, sinais de prostração, dor abdominal, desidratação, hipovolemia, rápida desidratação, choque e alta mortalidade. A diarreia pode ser profusa, hemorrágica e com odor fétido. Adicionalmente, as alças intestinais podem estar doloridas, sendo possível observar na palpação abdominal do animal. Cães com diarreia associada ou não ao vômito podem apresentar desidratação, hipovolemia, e como consequência, choque hipovolêmico. Os sinais clínicos iniciais de choque incluem pulso normal ou fraco, taquicardia, tempo de preenchimento capilar aumentado, palidez das mucosas, hipotensão, temperatura corporal baixa e grau de consciência reduzido (FLORES, 2007, MORAES, 2007; MURPHY et al., 1999). A terapia antimicrobiana se faz necessária para evitar e/ou tratar o choque séptico, resultado da translocação de bactérias do intestino para a corrente sanguínea devido aos danos causados a barreira gastrointestinal em decorrência da replicação do vírus nas criptas intestinais (BIRD, 2013). Rotineiramente a maior parte dos animais que sobrevivem aos primeiros 3 a 4 dias de infecção, se recuperam. A taxa de sobrevida com terapia intensa varia de 80 a 95% (BIRCHARD, SHERDING, 2008). Cães que sobrevivem à infecção desenvolvem imunidade prolongada, possivelmente para toda a vida (AMSTUTZ, 2014). Atualmente, com o uso de vacinas contra a parvovirose canina, a infecção tem sido relativamente controlada (POLLOCK & CARMICHAEL, 1982). A maneira mais efetiva de prevenção da parvovirose é a vacinação sistemática de filhotes, que devem receber a primeira dose da vacina com seis a oito semanas de idade, recebendo duas doses de reforço a cada quatro semanas. Uma quarta dose pode ser efetuada aos seis meses de vida. A revacinação anual é recomendada. Esse esquema é recomendado para estimular a imunidade ativa á medida que a imunidade passiva declina, o que geralmente ocorre entre 6 e 20 semanas de vida. Por um período de duas a quatro semanas, os títulos de anticorpos atingem níveis não-protetores, que interferem com a eficácia das vacinas. Ou seja, há um período em que os anticorpos passivos inativam o vírus vacinal, porém não são suficientes para proteger os animais contra a infecção natural. Recomenda-se manter os animais isolados até completarem a fase de imunização, sempre observando a desinfecção local (FLORES, 2007).
REFERÊNCIAS
AMSTUTZ HE, et al. Manual Merck de veterinária: clínica de pequenos animais. 10. ed. Curitiba: Roca. 3472p., 2014
BIRCHARD, S.J., SHERDING, R.S.R. Manual saunders: clínica de pequenos animais. 3. ed. Curitiba: Roca.; v.2.2256p.,2008
BIRD L, TAPPIN S. Canine parvovirus: where are we in the 21st Century. Companion Animal.v.18, n.4, p.142- 146, 2013
FLORES, E. F. Virologia Veterinária. Santa Maria: Editora UFSM, 2007.
MORAES, M.P.; COSTA, P.R. Parvovirideae. In: Flores E.F. Virologia Veterinária. Santa Maria, 2.ed. UFSM, 2007
MURPHY, F.A. et al. Veterinary virology. 3.ed. New York: Academic, 629p, 1999
POLLOCK, R.V.; CARMICHAEL, L.E. Maternally derived immunity to canine parvovirus infection: transfer, decline, and interference with vaccination. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.180, n.1, p.37-42, 1982
TIWARI, S.K, et al. Haemato-Biochemical evaluation and Therapeutic Management of Canine Parvo Virus (CPV) Infection - A report of three puppies. Intas Polivet. V.14, n.1, p.157-159, 2013
Autor: Profa. Me. Juliana Bonamim de Castro Casas
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Parvovirose