12/11/2019

Tabagismo Passivo e Sua Problemática de Saúde Pública

Atualmente, o tabagismo passivo é considerado como o principal poluente presente em ambientes internos, residenciais ou comerciais. Do mesmo modo, é apontado como uma das causas evitáveis de mortes primordiais em países desenvolvidos, juntamente com o tabagismo ativo e o alcoolismo. Nos EUA estima-se a ocorrência de 3.000 óbitos por câncer de pulmão em “fumantes passivos”, além de 62.000 óbitos por doenças cardiovasculares anualmente, que podem ter correlação com o tabaco. Em contrapartida, outros poluentes ambientais justificam menos de 100 óbitos de câncer de pulmão por ano.

Ademais, a relação do tabaco com o câncer do pulmão, pode estar relacionada ao aumento do risco de neoplasias em outras localizações, como na cabeça e pescoço (esôfago, laringe, língua, glândulas salivares, lábios, boca e faringe), na bexiga, no colo uterino, na mama, no pâncreas e no intestino. De acordo com a literatura cientifica, o fumo passivo aumenta o risco de mutagênese em seres humanos principalmente em crianças e idosos.

O câncer de cavidade oral integra o conjunto de neoplasias que acometem a cabeça e o pescoço, observados em cerca de 300 mil casos novos no mundo desde 2012, sendo que, desses, aproximadamente dois terços são no sexo masculino. O tipo mais comum de câncer de cavidade oral é o carcinoma de células escamosas, em geral, ele se desenvolve a partir da progressão de uma hiperplasia epitelial, alterando-se para um carcinoma in situ e depois para a forma invasora. Entretanto, nem todos os carcinomas passam por esses estágios.

Ligados a esse tipo de tumor, a exposição à fumaça de cigarro prejudica o transporte mucociliar em humanos, tanto em exposições agudas como em exposições crônicas, sendo a fumaça de cigarro está associada a profundas alterações nos mecanismos de produção de muco. Da mesma forma, a fumaça obtida de cigarros, podem provocar alterações funcionais e alterações estruturais importantes sobre o epitélio respiratório.

A exposição crônica a essa fumaça provoca alterações metaplásicas da mucosa respiratória, como o aumento no número e tamanho de células caliciformes, consequentemente um aumento de secreção nas vias aéreas. Também demonstraram in vitro que a exposição à fumaça de cigarro é capaz de inibir o transporte de cloreto em células epiteliais, promovendo alterações fisiológicas semelhantes àquelas encontradas em pacientes com fibrose cística. 

A educação continuada e desenvolvimento social frente a necessidade de transmissão de conhecimentos para população, reduziriam a exposição de pessoas e evitaria futuros problemas quanto a problemática aborda. A gestão de informações deve estar além das universidades, tendo a necessidade de chegar a população através de linguagem simples e descomplicada.

Referencias

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Artigo realizado no G.E.T.o.S. a ser submetido em Revista Cientifica.

Aluna: Jéssica Cardoso Faria
Orientador: Prof. Silvio Almeida
Curso: Fármacia e Laboratório

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